9 de out. de 2011

Pedagogia da Autonomia

Quiçá chegássemos a uma autonomia tal que sem depender de nada e de ninguém fôssemos capazes de compreender o mundo a partir de uma visão particular e própria. A palavra autonomia vem da união de dois termos gregos, “auto” e “nomos”. “Auto” tem a ver com aquilo que é próprio, que é por si e independente de qualquer outro, ou seja, aquilo que faz-se por si. A palavra “nomos” designa a organização, a lei, a regência. Destarte, autonomia não é outra coisa que uma convivência própria e particular com o mundo, sem a dependência das influências alheias. Quando falamos de uma pedagogia da autonomia, estamos falando de um processo de ensino para a liberdade, para a libertação e superação das estruturas impostas e conhecimentos pré-estabelecidos. Somente a pedagogia que se direcione para a autonomia do educando é realmente essencial. De modo geral, há no educador a tendência de reproduzir o seu modo de ser, sua compreensão e entendimento da realidade. Tentando incutir no educando as normas preestabelecidas, o educador faz com que permaneça engessado o sistema vigente. Os educadores ousados são capazes de alimentar os sonhos e proporcionar aos educandos a renovação da história, o crescimento social e a destruição dos sistemas de opressão. O educador opressor, restritivo, tende a forjar no educando a idéia de inversão, ou seja, de que se um dia o educando for educador deverá reproduzir os sistemas vigentes.Isto é, reproduzir a estrutura de oprimido e opressor. Educar para a autonomia é basicamente criar um subterfúgio que leva a superação deste circulo vicioso. A manutenção deste sistema faz com que em cada oprimido continue residindo um opressor. Basta o momento certo, a hora exata, e o oprimido se torna opressor, agindo com força e autoritarismo. Isto garante a manutenção de um status de poder, pois o opressor sempre terá força e autoridade sobre o oprimido. Cada vez que o oprimido chega ao poder torna-se tão ou até mais opressor que aquele que ocupava o espaço anteriormente. Formar para a autonomia proporciona a quebra da estrutura de opressão, gerando uma estrutura igualitária, de possibilidades idênticas. Deste modo, não é o educador o sábio nem o aluno o estulto, mas ambos estão repletos de conhecimentos distintos, onde não há um julgamento de valor. Nesta educação para a autonomia há simplesmente a inter-relação de experiências, que não leva ao acúmulo de informações enfadonhas, mas ao acúmulo de experiências vitais essenciais para a formação do caráter
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Não é o dinheiro, estúpido


Não paute sua vida pelo dinheiro: seja fascinado pelo realizar e o dinheiro virá como consequência

SOU, COM FREQUÊNCIA, chamado a fazer palestras para turmas de formandos. Orgulha-me poder orientar jovens em seus primeiros passos profissionais.

Há uma palestra que alguns podem conhecer já pela web, mas queria compartilhar seus fundamentos com os leitores da coluna.

Sempre digo que a atitude quente é muito mais importante do que o conhecimento frio.

Acumular conhecimento é nobre e necessário, mas sem atitude, sem personalidade, você, no fundo, não será muito diferente daquele personagem de Charles Chaplin apertando parafusos numa planta industrial do século passado.

É preciso, antes de tudo, se envolver com o trabalho, amar o seu ofício com todo o coração.

Não paute sua vida nem sua carreira pelo dinheiro. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como consequência.

Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser um grande bandido ou um grande canalha. Napoleão não conquistou a Europa por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro.

E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar. Tudo o que fica pronto na vida foi antes construído na alma.

A propósito, lembro-me de um diálogo extraordinário entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo-a tratar dos leprosos, diz: "Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo". E ela responde: "Eu também não, meu filho".

Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que pensar e realizar têm trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.

Meu segundo conselho: pense no seu país. Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si.

Era muito difícil viver numa nação onde a maioria morria de fome e a minoria morria de medo. Hoje o país oferece oportunidades a todos.

A estabilidade econômica e a democracia mostraram o óbvio: que ricos e pobres vão enriquecer juntos no Brasil. A inclusão é nosso único caminho. Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu vomito. É exatamente isso que está escrito na carta de Laodiceia.

É preferível o erro à omissão; o fracasso ao tédio; o escândalo ao vazio. Porque já li livros e vi filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso (ou narra e fica muito chato!).

Colabore com seu biógrafo: faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido.

Tenho consciência de que cada homem foi feito para fazer história.

Que todo homem é um milagre e traz em si uma evolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro.

Você foi criado para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, caminhando sempre com um saco de interrogações numa mão e uma caixa de possibilidades na outra. Não dê férias para os seus pés.

Não se sente e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: "Eu não disse? Eu sabia!".

Toda família tem um tio batalhador e bem de vida que, durante o almoço de domingo, tem de aguentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo o que faria, apenas se fizesse alguma coisa.

Chega dos poetas não publicados, de empresários de mesa de bar, de pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta à noite, todo sábado e todo domingo, mas que na segunda-feira não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansiar, não sabem perder a pose, não sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar.

Só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão. E isso se chama "sucesso".

Seja sempre você mesmo, mas não seja sempre o mesmo.

Tão importante quanto inventar-se é reinventar-se. Eu era gordo, fiquei magro. Era criativo, virei empreendedor. Era baiano, virei também carioca, paulista, nova-iorquino, global.

Mas o mundo só vai querer ouvir você se você falar alguma coisa para ele. O que você tem a dizer para o mundo?


NIZAN GUANAES, publicitário e presidente do Grupo ABC

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