Portadores de doenças crônicas e degenerativas podem ter benefícios com atividades físicas bem orientadas
- Alzheimer, Parkinson, reumatismo, esclerose múltipla, artrose e artrite deformante. Difíceis de serem diagnosticadas e tratadas, as doenças degenerativas fazem parte da vida de milhões de brasileiros. Como o próprio nome diz, as que se encaixam nessa categoria caracterizam-se por corromper o organismo, ou partes dele, de forma gradual e irreversível. Além de medicamentos específicos para cada tipo de doença, os pacientes que procuram nos exercícios físicos uma forma de amenizar os sintomas devem tomar cuidado para que não acabem agravando o problema.
O professor de neurofisiologia da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Nogueira Aucélio explica que o benefício dos exercícios físicos depende do tipo de patologia.
– Nas doenças em que o prejuízo é cortical, como Parkinson ou Alzheimer, os exercícios auxiliam na oxigenação do cérebro – diz.
Para os males que precisam de fisioterapia, o médico explica que atividades como hidroginástica e natação são as mais indicadas, por não terem tanto impacto quanto exercícios em terra. Já para as doenças em que o paciente apresenta comprometimento muscular, o médico alerta: fazer exercícios pode não ser uma boa ideia, pois as articulações já estão prejudicadas.
– Para essas pessoas, o esforço físico pode trazer prejuízos, como acelerar o processo degenerativo – explica.
Segundo o professor, atividades dentro d’água só são proibidas aos pacientes que têm convulsões, já que uma crise inesperada dentro da piscina pode ser fatal.
Há dois anos trabalhando com pessoas com doenças degenerativas, a fisioterapeuta Lílian Almeida de Farias acredita que o principal benefício das atividades físicas é o fortalecimento muscular e a melhora na amplitude dos movimentos, pois muitos pacientes reclamam que ações comuns – como trocar de roupa ou arrumar o cabelo – tornam-se impossíveis, devido ao enrijecimento muscular.
– O tratamento não cura a doença, mas faz sua evolução diminuir bastante – pondera Lílian.
A fisioterapeuta conta que, para os casos em que a doença já se encontra em um estado muito avançado, o tratamento servirá para garantir uma melhor integridade física e qualidade de vida aos pacientes.
– Tenho pacientes que não conseguem mais se levantar, andar, trocar de roupa. Não fazem mais nada sozinhos. Para eles, a fisioterapia vai ajudar a não desenvolver escaras (feridas) na pele e a evitar que a doença progrida ainda mais – explica.
Com apenas um ano de idade, Francisca Martins foi diagnosticada com artrite reumatoide juvenil, uma doença em que uma ou mais articulações do corpo apresentam artrite crônica.
– Sinto dores, inchaço nas articulações e dificuldade de movimento. Com o tempo, a cartilagem se desgasta, o que causa muita rigidez e dores insuportáveis.
Na fisioterapia, a professora de língua portuguesa encontrou alívio para as dores.
– Tratar a doença só com medicamentos não tem o mesmo resultado. Quanto mais você fica parado, mais a doença te pega – ensina.
O tratamento é feito sempre com exercícios sem carga para evitar prejuízo ainda maior às já frágeis e debilitadas articulações. Se Francisca perde um dia de atividades, o corpo reclama na hora: as dores aumentam, o corpo fica pesado e as articulações, rígidas como pedra. Mas nem precisa ameaçar, pois os resultados compensam qualquer esforço.
– Sinto um bem-estar tão grande como uma pessoa que não tem problema de saúde e, quando malha, sente aquela leveza boa – diz Francisca.
Os Benefícios
Além de contribuir para melhorar a qualidade de vida e ajudar a controlar os sintomas, veja os benefícios dos exercícios físicos para algumas doenças degenerativas:
> Pacientes com diabetes conseguem uma melhor condição de tolerância à glicose, além de diminuírem os riscos de terem cardiopatias associadas à doença
> Para as pessoas com Parkinson, a fisioterapia auxilia na execução de movimentos do dia a dia, com exercícios de alongamento e fortalecimento dos músculos
> O paciente com Alzheimer tem os efeitos da doença atenuados. Um programa fixo de exercícios pode retardar a evolução da doença, além de diminuir os riscos de hospitalização
> Desde que em nível moderado, para que o paciente não se canse muito, os exercícios em meio aquático são os mais recomendados para pessoas com esclerose múltipla, pois aumentam a resistência muscular e a física.
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