25 de jul. de 2011

Depressão e envelhecimento, existe uma relação

Por outro lado, as transformações que o corpo sofre no processo de envelhecimento, podem vir acompanhadas de uma série de desbalanços químicos cerebrais que desencadeiam doenças diversas tais como demências, outros processos degenerativos e também transtornos depressivos.

Muito se tem estudado sobre a depressão, pois é muito comum. Alguns estudos estimam que até 20% da população em algum momento experimentará um episódio depressivo significativo ao longo da vida. As mulheres e os idosos são mais propensos à doença. Além de ser comum, é uma doença mental que costuma ser recorrente e com potencial de causar sérios problemas e limitações para a vida do paciente.
Sabe-se que a depressão não costuma ser um problema com uma única causa. Pode-se ficar deprimido por circunstâncias externas adversas intensas e prolongadas como problemas familiares, luto, desemprego, frustrações, violência, abandono ou por adversidades físicas transitórias ou crônicas, como infarto, acidente vascular cerebral, doenças reumatológicas, câncer etc.
Por todas essas razões, os idosos são mais vulneráveis ao desenvolvimento de quadros depressivos. Por viverem mais, sofrem maior exposição a todas as situações de risco citadas e, além do mais, têm um organismo mais suscetível às alterações cerebrais associadas à depressão.

Ainda que seja comum, a depressão também não pode ser banalizada. É um diagnóstico médico e deve ser avaliada com seriedade. Depressão não é só “estar triste”. Tristeza é um sentimento comum que todos os seres humanos experimentamos. Quando passamos por qualquer situação de perda ou de um desejo não alcançado, é natural sentirmos tristeza. Entretanto, esse sentimento passa a ser patológico, isto é, doentio, quando atinge uma intensidade e/ou um tempo de duração excessivos, ao ponto de comprometer o funcionamento normal da pessoa, ou seja, quando passa a “atrapalha” a vida normal.

No caso dos idosos, a depressão é muitas vezes pouco diagnosticada porque freqüentemente não se apresenta com os evidentes sintomas de perda de prazer pelas atividades antes agradáveis, alterações de sono e apetite e os sentimentos de tristeza marcante. 

Nos idosos, esses sintomas podem ou não estar presentes, mas vários outros também são encontrados: sentimentos de inutilidade e desesperança; sintomas físicos inexplicáveis apesar de os exames serem normais; lentificação dos movimentos e do raciocínio; apatia, alterações de memória e da concentração; irritabilidade, inquietação, indecisão, baixa auto-estima; cansaço intenso, perda de energia; diminuição do desejo sexual, sentimentos de culpa… Além disso, tudo podem surgir sintomas que beiram os delírios, crenças irreais, idéias de falência sobre si mesmo, o desejo de morte e até atos auto-agressivos elaboração do suicídio.

Nem sempre, diante de quadros depressivos em idosos, é fácil diferenciar uma situação de depressão “pura” do início de um processo de demência, por exemplo, de doença de Alzheimer. No início dessa doença os sintomas tendem a se sobrepor. Nessas situações o acompanhamento por um geriatra pode ser muito importante para orientar a família e propor tratamentos individualizados.
Muito se tem a fazer por um idoso com depressão. O tratamento, que inclui remédios – há diversas classes de medicamentos –, deve abordar também as outras esferas do ser humano: o suporte familiar, a prática regular de atividade física, a participação em grupos sociais e religiosos, o desenvolvimento de aptidões artísticas e manuais e a psicoterapia.

Todos esses aspectos do tratamento têm igual importância. Em relação aos remédios, alguns cuidados devem ser tomados: devem ser sempre prescritos pelo médico e o paciente deve seguir as dosagens propostas, referindo ao médico os efeitos colaterais e sendo persistente porque, em geral, os efeitos benéficos só são sentidos após mais de um mês de tratamento.

A depressão é, portanto, uma doença clínica comum, especialmente na população idosa. Precisamos estar atentos ao fato e não atribuirmos tais sintomas ao envelhecimento normal. Esses aspectos precisam ser abordados nas consultas de rotina e, quando tratados, podem melhorar significativamente a qualidade de vida. Afinal, é verdade que a vida se transforma, mas, como diz a canção, “saudade, sim, tristeza, não”!
Por Dra. Luciana Pricoli Vilela, medica especializada em Clínica Geral e Geriatria pela Universidade de São Paulo e membro da Sociedade Brasileira de Clínica Médica e Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia


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Não é o dinheiro, estúpido


Não paute sua vida pelo dinheiro: seja fascinado pelo realizar e o dinheiro virá como consequência

SOU, COM FREQUÊNCIA, chamado a fazer palestras para turmas de formandos. Orgulha-me poder orientar jovens em seus primeiros passos profissionais.

Há uma palestra que alguns podem conhecer já pela web, mas queria compartilhar seus fundamentos com os leitores da coluna.

Sempre digo que a atitude quente é muito mais importante do que o conhecimento frio.

Acumular conhecimento é nobre e necessário, mas sem atitude, sem personalidade, você, no fundo, não será muito diferente daquele personagem de Charles Chaplin apertando parafusos numa planta industrial do século passado.

É preciso, antes de tudo, se envolver com o trabalho, amar o seu ofício com todo o coração.

Não paute sua vida nem sua carreira pelo dinheiro. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como consequência.

Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser um grande bandido ou um grande canalha. Napoleão não conquistou a Europa por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro.

E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar. Tudo o que fica pronto na vida foi antes construído na alma.

A propósito, lembro-me de um diálogo extraordinário entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo-a tratar dos leprosos, diz: "Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo". E ela responde: "Eu também não, meu filho".

Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que pensar e realizar têm trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.

Meu segundo conselho: pense no seu país. Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si.

Era muito difícil viver numa nação onde a maioria morria de fome e a minoria morria de medo. Hoje o país oferece oportunidades a todos.

A estabilidade econômica e a democracia mostraram o óbvio: que ricos e pobres vão enriquecer juntos no Brasil. A inclusão é nosso único caminho. Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu vomito. É exatamente isso que está escrito na carta de Laodiceia.

É preferível o erro à omissão; o fracasso ao tédio; o escândalo ao vazio. Porque já li livros e vi filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso (ou narra e fica muito chato!).

Colabore com seu biógrafo: faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido.

Tenho consciência de que cada homem foi feito para fazer história.

Que todo homem é um milagre e traz em si uma evolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro.

Você foi criado para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, caminhando sempre com um saco de interrogações numa mão e uma caixa de possibilidades na outra. Não dê férias para os seus pés.

Não se sente e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: "Eu não disse? Eu sabia!".

Toda família tem um tio batalhador e bem de vida que, durante o almoço de domingo, tem de aguentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo o que faria, apenas se fizesse alguma coisa.

Chega dos poetas não publicados, de empresários de mesa de bar, de pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta à noite, todo sábado e todo domingo, mas que na segunda-feira não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansiar, não sabem perder a pose, não sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar.

Só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão. E isso se chama "sucesso".

Seja sempre você mesmo, mas não seja sempre o mesmo.

Tão importante quanto inventar-se é reinventar-se. Eu era gordo, fiquei magro. Era criativo, virei empreendedor. Era baiano, virei também carioca, paulista, nova-iorquino, global.

Mas o mundo só vai querer ouvir você se você falar alguma coisa para ele. O que você tem a dizer para o mundo?


NIZAN GUANAES, publicitário e presidente do Grupo ABC

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