6 de jun. de 2011

Por que as pessoas tem medo de envelhecer ?


A ARTE DE ENVELHECER
 
“Hoje, tenho certeza que é importante que a pessoa se prepare para ficar

adulta e seguir as outras etapas da vida”.

 
De repente, nos pegamos com 30 e poucos anos, casados ou solteiros, com filhos, casa própria, carro e trabalhando.

            Como todo ser humano,somos preparados para crescer, entrar na escola, namorar, casar, ter filhos e trabalhar, trabalhar, trabalhar.

            De repente, com essa idade muitas vezes já fizemos tudo que uma pessoa sonha na vida.

            Resta apenas trabalhar. Pra quê? Por quê?

            E aí nos pegamos em uma insatisfação total, pensando completamente diferente do resto do mundo. Muitas vezes nos sentindo um bicho fora do ninho, um ET.

            E isso assusta. Agora temos que deixar o tempo passar, esperar a aposentadoria, a doença e com elas a morte.

            Será que é isso?. Pensei: será que Deus fez tudo tão bonito, tão bom, pra gente chegar nessa idade e não poder aproveitar?

            Muitas vezes, tentamos remar contra tudo e contra todos, pois no meu pensamento, não podemos aceitar isso. Apesar de ter tudo que uma pessoa deseja, a gente sente-se infeliz

.           Como estamos despreparados para deixarmos de ser jovem! O que fazer depois que nos tornamos adultos? Será que nunca ninguém pensou nisso?

            Vi que, com bebê, gestante, crianças, adolescentes e jovens, todos se preocupam, mas com a fase seguinte, não. Parece que não existe, que não é preciso se preocupar.

            Então resolvi entrar por este caminho que, apesar de ser árduo e longo, é compensador e realizante.

            Hoje, tenho certeza que é importante que a pessoa se prepare para ficar adulto e seguir as outras etapas da vida.

            Quero tentar pelo menos, trabalhar com as crianças e adolescentes, conscientizando-os que na maior parte da vida, passamos “adultos” e como tais, precisamos conscientizar-nos, mudando os pré-conceitos, os estereótipos sobre a velhice.

            Aliás, cheguei à conclusão de que é a fase onde você pode ser você o que você é, como você é, sem preconceitos e complexos.
 
“É importante que a pessoa se prepare para ficar adulta

e seguir as outras etapas da vida”.



            Realmente, vejo como a fase mais linda do ser humano. O “Ser” (verbo real) na sociedade. Só que para esse “ser” poder ser completo, ainda é preciso mudar muita coisa, principalmente o modo de se ver a velhice.

            Chegar à velhice com saúde é privilégio de poucos, devido a somatória de situações desgastantes ao longo da vida. Dai ser relacionada com a doença, com a degeneração com a pluripatologia. Ser velho na nossa sociedade, é estar debilitado, não por decorrência de um processo de envelhecimento natural, mas por um acúmulo de maus tratos, alimentação inadequada e horários desorganizados, relacionamentos interrompidos ao longo do tempo...”daquele tempo” de que os velhos se recordam saudosos, suspirosos.

            Mas hoje já percebemos nos jovens, que as doenças não são privilégios só dos idosos.

            As limitações também estão sempre relacionadas aos idosos.Mas se pararmos para pensar, em cada fase da vida, todos têm suas limitações.A diferença é que nas fases anteriores, não são vista como negativas, apenas na fase do idoso.

            Envelhecimento é um processo. E como tal,desde que nascemos ele acontece.Mas para muitas pessoas, as pessoas “acordam” velhas ao fazerem 60 anos. Você não fica velha de um dia para outro. Só que não se dá conta desse processo e se preocupa apenas quando o RG diz que HOJE VOCÊ FAZ 60 ANOS:É UM IDOSO PARA A SOCIEDADE.

            Mesmo que se morra cedo, o envelhecimento aconteceu.Não tão longo,mas o suficiente do tempo vivido.Pois para muitos autores, o envelhecimento começa desde o nascimento.Para outros, desde a gestação. Portanto, não se acorda velho,nem se envelhece da noite para o dia.

            Não cabe só ao Estado, mas acredito que se dentro de cada lar (micro sociedade) já trabalharmos esta mudança, daqui alguns anos, mesmo que longos anos, conseguiremos mudar as visões e situações da fase adulta em diante.

            Acho que precisamos esperar ficar “doentes” para nos darmos o direito ao lazer, ao descanso, sem o sentimento de culpa, de “roubo”. O tempo livre deve fazer parte da vida do ser humano, pois mais tarde, ele não estará apto para trabalhar seu tempo livre na vida.

O envelhecimento começadesde o nascimento 

            Precisamos sim, acordar e perceber que temos direitos e não sabemos aproveitá-los adequadamente.

            A partir dessa mudança, tenho certeza que a aposentadoria, a velhice serão bem diferentes, terão outras conotações.

            Vejo-me como uma das poucas privilegiadas de ter percebido isso antes dos outros e ter caído fora, para que possa na idade mais avançada, ter uma velhice como uma fase normal e não como um pesadelo.

            Agradeço a Deus essa chance que poucas pessoas têm, e que muitas não conseguem enxergar.

            Não importa o número de pessoas que alcançarei, mas o que alcançar, tenho certeza que não serão “mais um” velho dentro dos “depósitos” da sociedade nem um peso para ninguém.

            Você quer chegar na velhice e ser mais um ser descartável? Eu não.

            Então pense seriamente na proposta aqui deixada. Reflita e combata o homem-descartável.

            Seja realmente o que você é, e não o que o que querem que você seja. Essa é uma das vantagens que o envelhecimento lhe permite.Ser quem você é.

            Você não precisa ser simpático porque o chefe pode manda-lo embora, ser falso, quando tem vontade de jogar tudo pro alto. A idade lhe dá o direito de ser o que deseja ser.

            Porém, como a sociedade molda a gente falsamente, quando nos apresentamos como somos, ou gostaríamos de ter sido, muitas vezes somos chamados de loucos, mal educados, ruins, etc.

Acredito que os principais segredos da arte de envelhecer, são :

1º - assumir a idade que se tem, nunca negar, nem ter vergonha.

2º - nunca esquecer que a vida é uma relação de mão dupla, e por conseqüência, no envelhecimento o mesmo acontece

3º - enquanto o idoso for o outro, não existe a arte de envelhecer;

4º - lembrar que todo mundo sempre é o velho de alguém: uma criança de 1 ano é velha para um bebê; uma de 10 anos é velha para a de 5 anos;uma pessoa de 40 é velha para uma de 18, mas nova para uma de 60. Tudo depende do grupo onde se está inserido.

5º - todas as idades possuem seus limites, seus ganhos e suas perdas.Mas a sociedade só explora para o lado negativo e para o idoso.Não mostra que é geral.

Como diz Rousseau: se desde a infância, a criança conviver com lagostin,bichos peçonhentos,etc, não terá medo ao tornar-se adulta. Acredito que o mesmo acontecerá em relação ao envelhecer, envelhecimento: se convivermos e conhecermos desde criança, esse processo natural do homem, não teremos medo que aconteça.

6º - O importante é aceitar-se e saber adequar-se dentro da fase em que se encontra, com seus limites físicos,psíquicos e sociais(se houver);

            Dedico esse trabalho para pessoas com 30, talvez, até com 20, para que possam perceber o futuro que poderão trilhar em suas vidas. Futuro esse, bom ou ruim, dependendo do despertar de cada um.

            O nosso destino, na velhice, se decide durante a infância, a adolescência, a vida adulta, pois a vida é uma seqüência de fatos e etapas e não fragmentos. Somos indivíduos e como tais, somos inteiros, não somos partes ou fragmentos. Não somos Cronos, somos Kairós” .

 “Envelhecer é um presente.”Ficar” velho, é opção”

Maria Cristina Costa Braga Hortelli Fogaça é Mestre em Gerontologia pela PUC/SP, Pedagoga e Diretora da Faculdade Aberta para a Terceira Idade Costa Braga desde 1993



Matéria publicada na 

Revista REVÉS DO AVESSO  - A pessoa idosa

Política Cultura e Ecuminismo -10/05 Ano 14 - Outubro ISSN 1677-8685

Revista do CEPE, fundada em 1992, por Frei Giorgio Callegari, OP

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Não é o dinheiro, estúpido


Não paute sua vida pelo dinheiro: seja fascinado pelo realizar e o dinheiro virá como consequência

SOU, COM FREQUÊNCIA, chamado a fazer palestras para turmas de formandos. Orgulha-me poder orientar jovens em seus primeiros passos profissionais.

Há uma palestra que alguns podem conhecer já pela web, mas queria compartilhar seus fundamentos com os leitores da coluna.

Sempre digo que a atitude quente é muito mais importante do que o conhecimento frio.

Acumular conhecimento é nobre e necessário, mas sem atitude, sem personalidade, você, no fundo, não será muito diferente daquele personagem de Charles Chaplin apertando parafusos numa planta industrial do século passado.

É preciso, antes de tudo, se envolver com o trabalho, amar o seu ofício com todo o coração.

Não paute sua vida nem sua carreira pelo dinheiro. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como consequência.

Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser um grande bandido ou um grande canalha. Napoleão não conquistou a Europa por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro.

E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar. Tudo o que fica pronto na vida foi antes construído na alma.

A propósito, lembro-me de um diálogo extraordinário entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo-a tratar dos leprosos, diz: "Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo". E ela responde: "Eu também não, meu filho".

Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que pensar e realizar têm trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.

Meu segundo conselho: pense no seu país. Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si.

Era muito difícil viver numa nação onde a maioria morria de fome e a minoria morria de medo. Hoje o país oferece oportunidades a todos.

A estabilidade econômica e a democracia mostraram o óbvio: que ricos e pobres vão enriquecer juntos no Brasil. A inclusão é nosso único caminho. Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu vomito. É exatamente isso que está escrito na carta de Laodiceia.

É preferível o erro à omissão; o fracasso ao tédio; o escândalo ao vazio. Porque já li livros e vi filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso (ou narra e fica muito chato!).

Colabore com seu biógrafo: faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido.

Tenho consciência de que cada homem foi feito para fazer história.

Que todo homem é um milagre e traz em si uma evolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro.

Você foi criado para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, caminhando sempre com um saco de interrogações numa mão e uma caixa de possibilidades na outra. Não dê férias para os seus pés.

Não se sente e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: "Eu não disse? Eu sabia!".

Toda família tem um tio batalhador e bem de vida que, durante o almoço de domingo, tem de aguentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo o que faria, apenas se fizesse alguma coisa.

Chega dos poetas não publicados, de empresários de mesa de bar, de pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta à noite, todo sábado e todo domingo, mas que na segunda-feira não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansiar, não sabem perder a pose, não sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar.

Só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão. E isso se chama "sucesso".

Seja sempre você mesmo, mas não seja sempre o mesmo.

Tão importante quanto inventar-se é reinventar-se. Eu era gordo, fiquei magro. Era criativo, virei empreendedor. Era baiano, virei também carioca, paulista, nova-iorquino, global.

Mas o mundo só vai querer ouvir você se você falar alguma coisa para ele. O que você tem a dizer para o mundo?


NIZAN GUANAES, publicitário e presidente do Grupo ABC

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