6 de ago. de 2011

O caminho da humanização


Atualmente, muito se tem falado na necessidade de humanizar as organizações e a sociedade de modo geral. Humanizar quer dizer: elevar à altura do homem. Relativo ao homem: o corpo humano, a espécie humana. Sensível à piedade, compassivo: mostrar-se humano com seus semelhantes.
A lógica nos faz raciocinar que se é necessário humanizar, significa que algo está em desacordo com a natureza que nos qualifica como seres humanos. Então, há de se olhar e investigar na direção daquilo que está em oposição à condição essencial que nos caracteriza como gente. Desse modo, as pessoas devem ser o centro de atenção de qualquer processo de humanização.

A humanização requer uma abordagem ampla e sensível. Fazem-se necessárias profundas mudanças na vida das instituições: valores, cultura, postura etc. As instituições são feitas de pessoas e as mudanças reais e consistentes acontecem somente, e tão somente, quando elas mudam. Mudar os procedimentos externos e administrativos sem que haja mudança de mentalidade dos indivíduos que as compõem produzirão apenas alterações superficiais.

Ao olhar e testemunhar fatos que revelam comportamentos desumanizados, ou seja, sem amizade ou compaixão pelo próximo e por outras espécies de vida, em maior ou menor grau, onde quer que se apresentem, deparamo-nos com suas principais causas: a ignorância, a insensibilidade, o egoísmo e a ganância presentes na mente do homem. Essa miséria interior é tão triste quanto à exterior. Lamentavelmente, poucos a veem ou se dão conta da sua existência em si mesmos, o que impossibilita um processo de autoconhecimento e transformação.

Quantas vezes já nos fizemos esta pergunta: como é possível, por exemplo, os líderes políticos não se comoverem com as condições de vida cruéis e desiguais da espécie humana? Eles salvam bancos, grandes empresas, mas não se empenham em salvar vidas em colapso. Mais de 900 milhões de pessoas passam fome no mundo. O homem foi à Lua, mas não cuidou da eliminação da fome no planeta em que vive...

Aqueles que agem de modo insensível e desamoroso revelam que, em algum ponto de suas vidas, cortaram os laços e a conexão com o sagrado mundo interior. Por isso, a expressão que nos é muito comum ouvir: “falta alma àquela pessoa”. A ignorância faz as pessoas se distanciarem da sua melhor parte e cometerem atos indignos e impróprios à condição humana; o melhor seria dizer: a nossa condição e natureza divina.

Tudo é resultado da ação do homem no ambiente em que vive, seja a ordem ou o caos. Se o egoísmo, a ganância e o apego ao poder fossem dissolvidos, e brotassem no coração da maioria dos seres humanos o sentimento de amizade, a vontade de cooperar, o espírito de solidariedade e fraternidade, seguramente, não precisaríamos presenciar, em nenhum lugar, cenas desumanas que chocam os nossos olhos, as quais humilham e sacrificam os nossos semelhantes.

O caminho da humanização, em seu aspecto mais amplo e nobre, passa pela sensibilização, valorização e pelo redespertar de todos nós para a vida. Só o ser sensível, consciente, fraterno, compassivo e de fato conectado com a vida poderá agir com humanidade e amor em seu coração. Dessa forma, espontaneamente, nossos atos serão pautados pela ética, pelo respeito e pela consideração por nós mesmos, pelo próximo e pelo meio em que vivemos. Nesse sentido, seria mais apropriado falarmos em divinização ao invés de humanização. O amor manifestado em nossos corações faz de todos nós um templo de Deus.

Neste momento, como disse um amigo, a humanidade pede socorro, pois a desumanidade dos “humanos” está colocando em risco a vida sustentável na Terra. Seria de grande valia se todos compreendessem que no campo da energia somos um só, que não existe separação na nossa expressão mais sutil. O homem não é uma ilha. Osho nos diz: “somos todos parte de uma única força vital – parte de uma única existência oceânica. Nas profundezas de nossas raízes somos um só. Não importa quem você esteja ferindo, no final das contas você está ferindo a si mesmo... A não violência resulta desta compreensão.”
Texto: Enildes Corrêa

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Não é o dinheiro, estúpido


Não paute sua vida pelo dinheiro: seja fascinado pelo realizar e o dinheiro virá como consequência

SOU, COM FREQUÊNCIA, chamado a fazer palestras para turmas de formandos. Orgulha-me poder orientar jovens em seus primeiros passos profissionais.

Há uma palestra que alguns podem conhecer já pela web, mas queria compartilhar seus fundamentos com os leitores da coluna.

Sempre digo que a atitude quente é muito mais importante do que o conhecimento frio.

Acumular conhecimento é nobre e necessário, mas sem atitude, sem personalidade, você, no fundo, não será muito diferente daquele personagem de Charles Chaplin apertando parafusos numa planta industrial do século passado.

É preciso, antes de tudo, se envolver com o trabalho, amar o seu ofício com todo o coração.

Não paute sua vida nem sua carreira pelo dinheiro. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como consequência.

Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser um grande bandido ou um grande canalha. Napoleão não conquistou a Europa por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro.

E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar. Tudo o que fica pronto na vida foi antes construído na alma.

A propósito, lembro-me de um diálogo extraordinário entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo-a tratar dos leprosos, diz: "Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo". E ela responde: "Eu também não, meu filho".

Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que pensar e realizar têm trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.

Meu segundo conselho: pense no seu país. Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si.

Era muito difícil viver numa nação onde a maioria morria de fome e a minoria morria de medo. Hoje o país oferece oportunidades a todos.

A estabilidade econômica e a democracia mostraram o óbvio: que ricos e pobres vão enriquecer juntos no Brasil. A inclusão é nosso único caminho. Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu vomito. É exatamente isso que está escrito na carta de Laodiceia.

É preferível o erro à omissão; o fracasso ao tédio; o escândalo ao vazio. Porque já li livros e vi filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso (ou narra e fica muito chato!).

Colabore com seu biógrafo: faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido.

Tenho consciência de que cada homem foi feito para fazer história.

Que todo homem é um milagre e traz em si uma evolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro.

Você foi criado para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, caminhando sempre com um saco de interrogações numa mão e uma caixa de possibilidades na outra. Não dê férias para os seus pés.

Não se sente e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: "Eu não disse? Eu sabia!".

Toda família tem um tio batalhador e bem de vida que, durante o almoço de domingo, tem de aguentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo o que faria, apenas se fizesse alguma coisa.

Chega dos poetas não publicados, de empresários de mesa de bar, de pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta à noite, todo sábado e todo domingo, mas que na segunda-feira não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansiar, não sabem perder a pose, não sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar.

Só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão. E isso se chama "sucesso".

Seja sempre você mesmo, mas não seja sempre o mesmo.

Tão importante quanto inventar-se é reinventar-se. Eu era gordo, fiquei magro. Era criativo, virei empreendedor. Era baiano, virei também carioca, paulista, nova-iorquino, global.

Mas o mundo só vai querer ouvir você se você falar alguma coisa para ele. O que você tem a dizer para o mundo?


NIZAN GUANAES, publicitário e presidente do Grupo ABC

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