Namoro na Melhor Idade
Quem pensa que namorar é exclusividade dos jovens está completamente enganado. Antigamente fadados à solidão após a morte ou separação do cônjuge, homens e mulheres na terceira idade, hoje, buscam novos encontros e possibilidades de uma vida mais feliz após anos de dedicação ao trabalho e à família. Considerando-se o aumento da expec-tativa de vida, a ampliação da saúde física e os aspectos essenciais para um envelhecer mais saudável, é necessário o conheci-mento sobre as modificações que ocorrem no organismo, buscando adaptar-se a essa nova realidade. O processo de envelhecer é resultado de várias modi-ficações ocorridas no organismo de forma definitiva, estável, lenta e gradativa. Nesse contexto, valorizar os sentimentos dos idosos frente ao namoro lhes proporcionará mais qualidade de vida enquanto se avança nos estudos sobre o namoro entre as pessoas idosas. A pessoa que sabe envelhecer bem aprende a compreender os próprios recursos. Não se pode eliminar a velhice, mas se pode mudar a maneira de enve-lhecer. Com o passar dos anos, as pessoas tendem a querer ficar juntas como forma de proteção, pois percebem que ficar sozi-nhas gera tristeza e que demonstrações de carinho não são uma “fraqueza”. A idade avançada também mostra que a necessida-de de receber ajuda do companheiro não é apenas indispensável, como também é agradável. Para que as mudanças psicofísicas ocorridas com o passar dos anos acon-teçam de forma positiva, é preciso que o casal idoso estabeleça estratégias de enfrentamento, nas quais a serenidade e o amor sejam partilhados. Ao procurar novos relacionamentos, seja de amizade ou namoro, é importante lembrar que “aquilo que procuramos nos outros são as mesmas qualidades que eles próprios desejam encontrar em nós” e que, tanto os homens como as mulheres, podem se sentir inseguros e ansiosos. Em qualquer idade a pessoa precisa de amor, atenção e companhia. Entendeu-se que o namoro na fase do crepúsculo da vida é fonte de felicidade e prazer, pois, como bem diz Rubens Alves: “É preciso muito pouco. A alegria está muito próxima. Mora no momento. Velhice é quando se percebe que não existe no futuro nenhum evento portentoso por que esperar, como início da felicidade”. Mas não é só a felicidade que é constatada quando se namora. A melhora no estado de saúde também acontece. Se um olhar bondoso e solidário ou um pequeno sorriso alegram um doente e aju-dam muito a apressar a sua recuperação e a cura, o que dizer da sensação de felicidade? Aquele que se sente feliz é saudá-vel, assim como as manifestações de afeto, carinho e atenção podem funcionar como terapia para muitos males, proporcio-nando até mesmo a cura de uma doença. Namorar é cuidar do companheiro O namoro, para os ido-sos, revela-se como um tempo de cuidado, zelo e dedicação. Visto assim, cuidar do companheiro e manter uma atitude zelosa faz parte do relacionamento afetivo, é algo prazero-so para o idoso, é o seu jeito de namorar. A afetividade manifesta-se por pequenos gestos. Entre a censura e o apoio: o olhar da família sobre o namoro dois mais velhos Se o namoro dos mais velhos, por um lado, mexe com a dinâmica familiar quando a questão é censura; por outro, nas situações de apoio, consolida a harmonia. Algumas atitudes adotadas estrategicamente pelos idosos ao iniciarem um relacionamento afetivo funcionam como medida facilitadora da entrada dessa nova pessoa no seio da família. “Quando come-cei a namorar, pedi autorização para mi-nha filha, e eles se acertam bem...”. Essa aparente inversão de papéis no que se refere ao consentimento do namoro trata-se de uma forma estratégica de iniciar um relacionamento em harmonia com a família, pois esta é sempre zelosa ao se abrir e receber novos membros. Por outro lado, uma das muitas queixas dos idosos em relação ao namoro são as ten-tativas dos filhos de impedirem, de forma direta ou indireta, que os pais se apaixo-nem e mantenham um relacionamento com outra pessoa. Nessa questão emerge o medo, porque o filho ou a família temem a perda da imagem construída da mãe ou do pai. De igual forma, é difícil para a família perceber que o idoso, apesar do envelheci-mento fisiológico, pode se manter jovem psicologicamente, expandindo vínculos, participando de grupos de convivência e mostrando-se receptivo a novos relaciona-mentos, uma vez que amar faz parte da vida do ser humano. É preciso substituir crenças, mitos e tabus relacionados ao envelhecimento, cujas essências são preconceituosas. Saber encarar com maturidade e tranqüilidade as mudanças que ocorrem nesse novo momento é a conquista satisfatória nessa fase da vida. Relacionamentos íntimos malsuce-didos e experiências vividas de maneira não satisfatória podem determinar uma certa aversão ao estabelecimento de novos laços afetivos. Essa superação só é possível quando a pessoa se mostra aberta a uma nova possibilidade. Superar estereótipos e aceitar as experiências vividas ajudará o idoso a re-começar sua vida ou a preparar-se para uma nova vida. |
Fonte: Marilene Rodrigues Portella |
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